quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Planos x Médicos

Acompanhe editorial da Folha de S. Paulo sobre a relação dos Planos de saúde e os médicos. Esta deveria ser uma parceria de sucesso, mas só no Estado de São Paulo um terço dos profissionais reprova a conduta dos parceiros, segundo eles, as administradoras dos planos se excedem na recusa de procedimentos. Exames, medicamentos e materiais são negados sob pretextos variados.
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Planos x Médicos
Existe algo de doentio num sistema de saúde em que 93% dos principais agentes, os médicos, se queixam de interferência indevida no núcleo de sua profissão, diagnóstico e tratamento.
A condenação é tanto mais alarmante por afetar, só no Estado de São Paulo, um contingente de 17,6 milhões de usuários dos planos de assistência médica privada.
A insatisfação foi detectada em pesquisa do Datafolha encomendada pela Associação Paulista de Medicina (APM). Amostra representativa dos 37 mil médicos credenciados pelos planos -um terço dos profissionais do Estado- reprovou de modo inequívoco os parceiros empresariais, com uma constrangedora nota 4,7 (em escala de 0 a 10).
Os médicos alegam que as administradoras dos planos se excedem na recusa de procedimentos que só cabe a eles decidir. Exames mais complexos, materiais ou medicamentos custosos e dias de internação são com frequência negados sob pretextos variados.
Os convênios se defendem das reclamações apontando falhas que seriam cometidas pelos próprios médicos. Eles estariam solicitando procedimentos não cobertos pelos planos contratados. Além disso, alguns profissionais desdobrariam consultas, exames e intervenções com o intuito de aumentar seus proventos.
O ponto de partida para esse ciclo vicioso parece estar, com efeito, na baixa remuneração oferecida. Um médico recebe deles algo entre R$ 15 e R$ 49 por consulta.
Além de representar uma fração do que se pratica no mercado, trata-se de pagamento aviltante para quem despende duas décadas na escola, do ensino fundamental à residência médica, até completar a formação especializada. O rendimento médio do trabalhador brasileiro está próximo de R$ 10 por hora. Uma consulta médica não deveria render só 50% mais.
Na realidade, a raiz do mal está na continuada omissão da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), suposta mediadora do conflito. Sem uma intervenção firme para reequilibrar tal disputa, a conta continuará a ser paga pelos pacientes com a própria saúde, sob a forma de demoras injustificáveis na prestação do atendimento devido.

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